Por mês, há uma estimativa de que 35,7 ocorrências relacionadas a crimes virtuais são registradas na região de Presidente Prudente, conforme o Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-8). Recentemente, a empresária prudentina Alessandra Sakamoto, de 40 anos, foi vítima desta situação e relatou a história ao G1.
Uma foto de uma garota nua usando drogas foi associada ao perfil da empresária em uma rede social. A imagem foi espalhada e o caso descoberto após um amigo de Sakamoto receber o conteúdo em um grupo disponível em um aplicativo de mensagens e avisar a empresária. “Na hora você tem vontade que o chão abra sob seus pés, mesmo que não seja você”, comentou.
Diante da situação, a empresária não sabia o que fazer. “É tudo muito rápido”, disse. No entanto, ela conta que a família ficou chateada com o ocorrido, mas teve todo o apoio necessário. “O importante é que meus verdadeiros amigos e família sabiam que a pessoa da foto não era eu e me mandaram mensagens de apoio”, lembrou.
O fato foi descoberto na última sexta-feira (27) e, no dia seguinte, a empresária levou a documentação necessária para registrar um boletim de ocorrência na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). “Foram mais de 12 páginas de prints”, comentou. Ela ainda disse que precisou “frequentar um psicólogo e tomar calmantes, pois você fica muito abalada”. A ocorrência está em investigação.
A situação também atinge a família. Sakamoto conta que o filho mais novo “sofreu bullying na escola”. “Para os colegas eu era a pessoa da foto. Foi difícil”, comentou. A empresária ainda acrescentou que “não é a primeira e nem a última vez, mas é importante que as pessoas saibam como se defender nesses casos”.
Defesa O especialista em crimes de alta tecnologia, Leandro Martins Alves, afirmou que, depois que o fato já aconteceu é preciso tomar medidas no âmbito repressivo. “Primeiramente a pessoa deve tentar excluir o máximo de fotos disponibilizadas na rede e printar as imagens daquela situação para procurar uma autoridade policial”.
Porém, a cópia da tela “é só mais um indício de prova. O ideal é a ata notarial, ou seja, a vítima comparece em um cartório de registro público e pede para fazer a ata da situação. Se for algo muito vexatório, pode pedir que o escrivão não divulgue” explicou o especialista. Ele ainda acrescentou que a ata tem mais força, pois é um documento feito por uma autoridade pública. “É como se fosse um print, mas descrito”, apontou.
Após juntar os documentos, ainda de acordo com Alves, é preciso procurar uma autoridade policial para registrar o ocorrido. Com isso pode ser feito o rastreamento da fonte de divulgação e, então, chegar na primeira pessoa que publicou o material.
Caso não haja prestação de informações da polícia, a vítima deve procurar um especialista ou advogado para buscar resolução em vias judiciais. “Toda a ação deve ser feita com o apoio da Justiça, pois existe quebra de sigilo de informações”.
Alves destaca que nada feito na rede é privado. “É um mito que as pessoas nunca serão penalizadas se praticarem algum crime”, apontou.
Diversos crimes podem ser praticados na internet. Alguns citados pelo especialista são: furto, sequestro de dados, fraudes bancários, crimes contra honra e falsidade ideológica ou documental. A pena depende do crime e a dimensão que ele chegou. “O grande mito da internet é que as pessoas fazem tudo na privacidade e que nunca serão descobertas”.
Prevenção É importante frisar, conforme o especialista, que “ninguém perde em ser precavido”. “A internet é necessária, mas precisa de proteção e bom senso na utilização”. No âmbito preventivo, Alves pontuou que as ferramentas de privacidade das redes sociais e demais aplicativos de rede devem ser utilizadas. “São muito eficazes para prevenir crimes virtuais. As pessoas não sabem a dimensão de onde e como pode chegar as publicações na internet”, destacou.
Stephanie Fonseca
Do G1 (Globo) de Presidente Prudente